terça-feira, outubro 24, 2006

Lívio Abramo 1903 - 1992

Lívio Abramo nasceu em Araraquara, no interior de São Paulo, em 1903. Filhos de pais italianos, Lívio e seus irmãos e irmãs - Athos, Fúlvio, Beatriz, Lélia, Mário e Cláudio - cresceram em um ambiente especial e tornaram-se artistas, jornalistas e intelectuais, cujas contribuições foram importantes para o ambiente cultural brasileiro.
Segundo a atriz Lélia Abramo, em seu livro de memórias, o ambiente familiar influenciou as opções de vida de cada um dos Abramo.
"Nada em meu pai e minha mãe era medíocre. Ambos sensíveis às artes, carregavam toda a filharada para teatros, exposições de todos os gêneros, eventos culturais, inaugurações oficiais, etc", escreveu.

Lívio tornou-se artista por conta própria - autodidada, desenhava desde criança. Na juventude, aventurou-se na confecção de sua primeira gravura retirando sulcos de um pedaço de madeira com uma lâmina gilete.
Mas foi por volta dos 27 anos ao deparar-se com uma exposição de gravuras dos expressionistas alemães, em São Paulo, e sentir a força de expressão das gravuras de Kathe Kollwitz e demais artistas, que decidiu: "é isso que quero fazer".
"Em verdade, o gosto pela gravura começou a despontar em mim quando, ainda estudante, em casa de meus pais, eu admirava as vinhetas gravadas em madeira que ilustravam os poemas de um famoso poeta italiano, e de autoria de um gravador de nome De Károlis.
"Esse foi o despertar de uma vocação - a exposição dos grandes gravadores expressionistas alemães foi a revelação", escreveu o artista, que ficou conhecido por sua maestria ao manipular o buril.

A preocupação com a justiça social, acompanhou-o desde sempre, levou-o, ainda jovem, a militar no Partido Comunista, a interessar-se pelo Trotskismo e pelo socialismo. Nessa época colaborava fazendo ilustrações para tablóides sindicalistas. Em 1932, foi expulso do Partido Comunista, acusado de trotskismo.
O reconhecimento artístico chegou mais tarde, aos 47 anos de idade, quando suas xilogravuras alcançaram um grau de depuração técnica e ao mesmo tempo uma riqueza impressionante de detalhes, suas xilogravuras eram extremamente precisas em todos os aspectos.
Por isso ganhou prêmios como o de Viagem ao Exterior do Salão Nacional de Belas Artes, em 1950, com as 27 ilustrações para o livro "Os Sertões", de Euclides da Cunha; e o 1º Prêmio de Gravura Nacional da 2ª Bienal de São Paulo, em 1953. Algumas honrarias, como a ordem do Rio Branco.

Foram muitos os alunos que passaram por ele, no Brasil, Dorothy Bastos, Maria Bonomi, Savério Castelani, Anésia Pacheco Chaves, Ely Bueno, entre muitos outros.
No Paraguai, para citar alguns nomes da primeira turma, destacaram-se Edith Jiménez, Maria Adela Solano López, Lotte Schulz, Jacinto Rivero, todos gravadores de renome em Assunção e América Latina.
Abramo foi um homem que não curvou-se diante das dificuldades e, mesmo quando a vida não lhe dava motivos para sorrir, não deixava de acreditar na possibilidade de transformar o mundo.

Fonte:Divisão de Cooperação Educacional - DCEMinistério das Relações Exteriores - MREEsplanada dos Ministérios, Bloco H, Anexo I, Sala 43270170-900 - Brasília - DF